Beef Stroganoff – um clássico transformado

Perdi a conta às vezes em que disse “Stroganoff não leva natas” a menus e pratos do dia de muitos e muitos restaurantes. Perdi de tal forma a conta, que me esqueci que a receita original também não leva alguns dos ingredientes que eu própria ponho na travessa – nunca natas, isso é certo!

Muito obrigada, Elena Molokhovets, pela primeira receita (re)conhecida de Beef Stroganoff – para mim, mais uma daquelas receitas que roubei da minha infância e repito consecutivamente cá em casa. Por vezes sinto que quase que posso fazer esta receita de olhos fechados, pois as coisas boas da vida (e da cozinha) nunca se esquecem.

O Beef Stroganoff que eu faço é uma cópia quase exacta da receita que se fazia lá por casa, tirada de um dos livros de receitas mais antigos, que a minha mãe tentava conservar imaculadamente. Um daqueles livros que eu folheei (e ainda folheio quando posso) vezes sem conta.

Sei que é uma das primeiras receitas do livro. Sei que tem uma fotografia com um ar tão baço, quase a rir-se das maravilhosas imagens que se vêem hoje em dia.

O livro, de folhas amareladas (dos anos e do uso) guarda já pequenas marcas,  julgo eu de uma ou de outra gota que sem querer caiu, enquanto se (re)confirmava a quantidade de um qualquer ingrediente.

É disto que a nossa memória se alimenta. Pequenas coisas que fazem com que grandes pratos sejam ainda maiores e façam ainda mais sentido.

Não sei nem quero conhecer o sabor de outros Stroganoffs. De frango; com natas (Ai! As natas); sem mostarda; sem lactose; sem farinha para engrossar. Não! Esta é uma daquelas receitas que me contradiz e que ao mesmo tempo me define. Que me (e, espero, vos) mostra o meu lado teimoso e conservador na cozinha. Em Stroganoff que vence não se mexe!

Stroganoff de carne com mostarda

Govjadina po-strogonovski, s gorchitseju

&

 ingredientes clandestinos, clássicos na receita desta casa

Ingredientes para 4-5 pessoas
2 cebolas médias
40gr de manteiga + manteiga para fritar a carne
30gr de farinha
250 a 300gr de caldo de carne (ironicamente, aconselho caldo de frango)
1 c. de chá rasa de mostarda tradicional
1 c. de chá rasa de mostarda de Dijon
1 limão (usar a gosto)
250ml de sour cream ou iogurte natural (espesso)
4 ou 5 pepinos em conserva (com pouca acidez)
1 pimento vermelho assado e cortado às tiras finas
150gr de cogumelos tipo Paris (cozinhados na frigideira com um pouco de azeite)
500gr de carne de vaca com pouca gordura
sal qb
pimenta qb

Modo de Preparação
Numa frigideira alta deite a manteiga e a cebola picada e deixe alourar.

Polvilhe a cebola já alourada com a farinha. Regue de imediato com o caldo de carne quente e mexa muito bem, para não ficar com grumos.

Tape e deixe cozer o molho durante cerca de 15 minutos, depois dos quais obterá um creme mais espesso. A meio deste tempo deve verificar se não é necessário juntar um pouco mais de caldo.

Terminados os 15 minutos, tempere com as duas mostardas; um pouco de sal; pimenta; sumo de limão (a gosto) e o iogurte. Mexa muito bem enquanto estiver a juntar o iogurte, para obter uma mistura homogénea.

Junte ao molho os pepinos às rodelas, o pimento assado e os cogumelos fatiados. Estes três ingredientes podem ser preparados com alguma antecedência, para não atrasarem a restante receita.

Frite a carne, cortada em cubos ou tiras, num pouco de manteiga. A frigideira deve estar bem quente e a carne deve ser frita em lume alto.

A carne deve ficar um pouco rosada por dentro, mas com um tom “caramelizado” por fora. Consoante ficarem prontos, vá colocando os pedaços de carne numa travessa, para que libertem os seus sucos. Assim que terminar, escorra os sucos da carne para o molho de iogurte que, entretanto, já deve estar fora do lume.

Misture suavemente o molho e junte a carne. Sirva de imediato.

Muito embora se possa acompanhar este prato com batatas fritas, cá em casa costumamos acompanhar com um arroz branco, muito simples. Desta vez, até lhe adicionei uns grãos de cravinho, dando-lhe um toque especial.

É certo e sabido que esta receita não é originalmente da autoria da minha família. No entanto, com todas as alterações e adições que lhe fomos fazendo, é como se fosse já um pouco nossa.

Espero que tenham gostado e que experimentem esta receita. Se costumam fazer stroganoff com natas (uma parte de mim estava a brincar com o tema, não quis ofender ninguém) experimentem esta versão com caldo de carne e iogurte. A cremosidade e mistura de sabores é fabulosa.

Obrigada por continuarem aqui comigo.

Até breve!

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