O cheiro das férias em Ligúria

Conhecemos a região italiana de Ligúria nas nossas férias de verão de 2016 quando, ainda a recuperar do meu pequeno grande acidente doméstico, senti que apanhar sol e ver o mar seria a melhor terapia.

Reservámos um hotel fabuloso, numa cidade bastante desinteressante – excepto, sem dúvida, pela sua localização. Nos dias menos solarengos visitámos algumas cidades, mas foi nas pequenas vilas e aldeias italianas, junto ao mediterrâneo, que nos consolámos com as vistas e os produtos típicos da região – pasta, pesto genovese, azeites maravilhosos e alguns queijos. Quanto aos sítios por onde passámos, destaco Portofino, amor à primeira vista, um dos lugares mais maravilhosos do mundo (e as imagens não falam por si).

Logo no primeiro dia acordei por volta das 5:30 da manhã. Uma luz clara, mas suave, entrava no nosso quarto. Através da nossa varanda, virada para o mar, aquele mediterrâneo maravilhoso parecia que me cumprimentava. Do nosso quarto via-se a piscina, a praia e, mais longe, os cruzeiros que passavam vagarosos. Qual emplastro naquele cenário idílico, sentia-se um cheiro a pão no forno. Maravilhoso, reconfortante, que me impediu de voltar para a cama.

Posso dizer-vos que, naquelas férias, comi focaccias em todos os cantos onde as vi à venda, mas foi no nosso Hotel que provei as melhores – eventualmente porque o cheiro delas no forno me convencia, logo pela manhã.

Sou tão, tão fã de (quase) tudo o que é italiano… que saudades (e não, Miguel, não é uma boca).

Adiante…

Cozinhar pratos italianos tornou-se bastante mais fácil com a nossa vinda para a Suiça, é um facto! Os supermercados da especialidade (ou não) estão cheios de produtos nacionais, nos mercados de rua encontramos bancas pertencentes a famílias italianas que vêm para cá vender e, claro, umas dicas aqui e ali pedidas à Irene ou ao meu ex-vizinho Marino.

Quando o desafio nr.°2 me foi feito (do projecto que começou com os muffins de mirtillo), e porque os dias de sol teimam em ser de curta duração por cá, não hesitei em trazer de volta um pouco das nossas férias em Ligúria e transformar a simples (mas maravilhosa) focaccia, numa focaccia digna deste projecto.

O ingrediente de hoje é a azeitona verde e, para além deste ingrediente, quase todos os produtos que usei nesta receita são de origem italiana. Obviamente, em vossa casa, podem utilizar qualquer origem.

Focaccia de azeitonas verdes

tomate seco e rosmaninho

Ingredientes
600gr de farinha (usei farinha para pizza)
500ml de água tépida
40gr de fermento fresco de padeiro
1 pitada de sal
azeite q.b.
azeitonas verdes a gosto (usei cerca de 120gr)
tomate seco a gosto (usei 6 metades)
rosmaninho a gosto
flor de sal q.b.
queijo de cabra (ou a gosto)
azeite de qualidade e vinagre balsâmico (para molhar)

Modo de preparação:

Comece por preparar a massa.

Numa taça grande (pois a massa vai crescer bastante) coloque a água tépida e o fermento. Desfaça o fermento e deixe descansar um pouco. Junte a farinha e o sal e misture bem, até obter uma massa um pouco pegajosa.

Coloque a massa numa superfície enfarinhada e amasse bem, adicionando pequenas quantidades de farinha, se necessário, até obter uma bola elástica e fofa, que não se prende às mãos. Amassei durante cerca de 8 minutos.

Limpe a taça que usou e deite um pouco de azeite no fundo. Coloque a massa e espalhe um pouco mais de azeite por cima. Tape a taça com película aderente e deixe levedar, num sítio quente, durante pelo menos 1h (preferencialmente 1h30).

Assim que o tempo de levedura passe, retire a massa e estique-a com as mãos, num tabuleiro previamente untado com azeite. Deixe a massa descansar durante cerca de 15 minutos.

Pré-aqueça o forno nos 250°.

Regue a massa com um pouco de azeite aqui e ali e decore com azeitonas verdes e tomate seco a gosto (usei tomate seco conservado em azeite, pois não queima tão depressa no forno). Salpique com rosmaninho picado a gosto e um pouco de flor de sal.

Antes de levar a massa ao forno, pressione aqui e ali com os dedos, com o intuito de fazer pequenas cavidades. O azeite que deitou anteriormente irá escorrer para aí.

Leve ao forno durante cerca de 18 minutos, tendo em conta que por volta dos 10 minutos terá muito provavelmente que cobrir a focaccia com folha de alumínio. O ideal é estar sempre por perto e deixar ganhar um tom dourado.

Enquanto espera pela focaccia, prepare os acompanhamentos. Numa taça, coloque um bom azeite para molhar. Coloque, se quiser, umas gotas de vinagre balsâmico (tem um óptimo contraste).  Usei também algum tomate seco e queijo de cabra meio esfarelado.

Aconselho a fazer combinações ao gosto de cada um: charcutaria, queijos rijos, pesto… não há limites!

Se a focaccia se deve comer ao lanche ou como entrada, tenho a dizer que ontem foi o nosso jantar e ninguém se queixou. Nem a mais nova, que não só ajudou a sujar a cozinha de farinha como andou, doida, a roubar massa crua (…).

Desafio n.°2 concluído com sucesso, sem ser preciso recorrer ao Martini com azeitona num palito, certo? (sim, é uma boca e estou a rir-me enquanto faço isto…)

Mais uma vez, obrigada por continuarem por aqui comigo.

Até breve, muito em breve!

 

 

 

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