Avô + Avó = A vós

Os avós não precisam de livros de instruções nem de regras para tomar conta de nós. A juntar a isso, na casa dos avós somos muito mais fofinhos e bem-comportados; comemos sempre bem; dormimos sempre bem e não fazemos birras, nem discutimos com os nossos irmãos.

Ainda me lembro dos dias em que andávamos a brincar no jardim, eu e os meus irmãos, e ouvíamos um carro buzinar. Nunca estávamos à espera deles (até porque eles viviam a 400km de distância e faziam sempre a viagem em segredo). Não olhávamos sequer para a estrada, não confirmávamos a cor do carro. Não era preciso… sabíamos simplesmente que eram eles:

São os avós, são os avós!”, gritávamos em uníssono.

A adoração pelos avós de Lisboa nunca foi segredo, hoje sinto-me triste quando penso que os meus avós paternos se poderão ter apercebido da diferença. No entanto, como é de esperar, um adulto não pode apontar o dedo a uma criança e acusá-la de gostar mais ou menos de alguém, certo?

Hoje, sem avós, mas com o muito que aprendi com eles, dou por mim a analisar esta questão. Não existe “gostar mais” ou “gostar menos” de um avô ou de uma avó. O carinho que sentimos por todos eles é o mesmo, a ligação que criamos com cada um deles é que é diferente. Afinal de contas, quem é que não adora ter avós? E a verdade é uma: se a distância faz com que os momentos em que estamos juntos sejam muito mais apreciados, então a minha filha é uma neta sortuda, que embora longe do seu avô e da sua avó, vai saber aproveitar todos os momentos ao pé deles.

Este é mais um dia, um dos muitos em que me lembro da minha Nini; do meu Zézinho; da minha Maria e do meu Alberto. Todos eles diferentes, todos eles maravilhosos. Todos eles uma grande parte daquilo que eu sou hoje. Onde quer que eles estejam, e eu acredito que estejam num sítio bom, um muito, muito obrigada por terem sido os melhores avós do mundo!

 

Para celebrar este dia especial, só vos podia trazer um docinho!

A ideia desta receita surgiu depois das nossas maravilhosas férias por terras Algarvias. O ingrediente principal – a farinha de alfarroba – surge em homenagem a esses belos dias.

Estagiária nesta casa, a alfarroba veio para aqui ficar. De cheiro extraforte, admito que tive algum receio em usá-lo neste bolo. Não li nada sobre a alfarroba, mas parti do princípio que se destacaria imenso na massa e, em simultâneo, a secaria bastante. Por essa razão, dei asas à imaginação e combinei-a com ingredientes que, no meu ponto de vista, fariam boa figura ao seu lado: a pera, a noz e a canela. O resultado final é um bolo intenso e doce e ao mesmo tempo fresco e leve.

Espero que gostem da ideia!

Bolo de Noz e Alfarroba com Creme de Caramelo

Ingredientes

75gr de manteiga s/ sal, amolecida
25ml de óleo
150gr de açúcar
100ml de leite (com sumo de ½ limão)
2 ovos médios
130gr de noz (6 a 8 metades para decorar e a restante numa espécie de farinha granulada)
150gr de puré de pera
100gr de farinha de trigo
40gr de farinha de alfarroba
1 c. chá de bicarbonato de sódio
1 pitada de sal
1 c. café (rasa) de canela em pó

Preparação

Comece por cozer 2 a 3 peras. Assim que cozidas, reduza-as a puré e deixe arrefecer um pouco. Pré-aqueça o forno a 180 °C.

Para o bolo, junte numa taça todos os ingredientes secos: a noz; a alfarroba; a farinha de trigo; o sal; o bicarbonato e a canela em pó. Misture tudo com um garfo.

Numa taça grande, bata a manteiga com o açúcar até obter um creme fofo. Adicione o óleo e bata por mais alguns minutos. Adicione as gemas, uma de cada vez, o puré de pera (arrefecido) e o leite. A massa irá ficar um pouco líquida, até ao momento em que juntar os ingredientes secos. Misture tudo levemente.

Por fim, bata as claras em castelo e junte pouco a pouco à mistura anterior. Coloque tudo numa forma, bem untada, e leve ao forno durante cerca de 30 minutos.

Enquanto o bolo está no forno, prepare o recheio/cobertura:

Bata 500ml de Natas até ficarem bem firmes. Junte algumas colheres de caramelo, até estar a seu gosto (pode fazer o caramelo com vários dias de antecedência e até guardar por mais tempo aquele que não utilizar). Leve o preparado ao frigorífico.

Embora não seja obrigatório, para conseguir uma textura mais firme, juntei ao caramelo 2 folhas de gelatina incolor. Desta forma, as natas não perderam a sua firmeza e, em alguns minutos no frigorifico, o creme ganhou uma textura mais espessa.

Assim que o bolo esteja completamente frio, divida-o e recheie o seu interior com o creme de natas e caramelo. Decore o topo do bolo com um pouco mais de creme; com as nozes que guardou e com um pouco mais de caramelo.

Receita para o Caramelo:

120gr de manteiga s/sal
200gr de açúcar mascavado
300 ml de natas
Baunilha a gosto
Flor de sal a gosto

Preparação:

Derreta a manteiga em lume brando. Adicione o açúcar e deixe derreter completamente, durante cerca de 4 minutos. Junte as natas e mexa muito bem, durante 5 minutos. Junte a baunilha e a flor de sal e deixe arrefecer.

Obrigada por estarem aqui comigo.

Até breve.

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